RELATÓRIOS NÃO FINANCEIROS: COMO TRANSFORMAR UMA OBRIGAÇÃO EM OPORTUNIDADE?
Desenvolvimento sustentável e temas relacionados a critérios de RSE (Responsabilidade Social Corporativa) ou ESG (Ambiental, Social e Governança) tornaram-se os principais motores de crescimento e catalisadores de confiança para todos os players da economia. Além do desempenho financeiro e da capacidade de inovação, as empresas passam a ser avaliadas de acordo com seu impacto no planeta e nas pessoas. Como todas as empresas listadas em bolsa, a Mersen, especialista global em energia elétrica e materiais avançados, está sujeita à obrigação de publicar anualmente uma Declaração de Desempenho Extra-Financeiro, descrevendo o desempenho de responsabilidade social da empresa. Essa necessidade criou uma oportunidade para a Mersen compartilhar uma visão clara de sua estratégia e melhorar o desempenho com seus stakeholders.
RSE NO DNA DA MERSEN
Os tomadores de decisão enfrentam o desafio de construir confiança com todos os seus stakeholders: acionistas, conselhos de administração, funcionários, clientes e a sociedade como um todo. A RSE é uma questão chave hoje. A Mersen tem uma abordagem global que leva em consideração funcionários, mercados, locais, produtos e a forma como conduz os negócios. No entanto, antes do surgimento da declaração não financeira exigida pela França ou do relatório de sustentabilidade regulamentado (DPEF - Declaração de Desempenho Extra Financeiro), o Grupo não tinha como avaliar verdadeiramente o impacto de sua política de RSC.
"A Mersen sempre teve uma abordagem muito pragmática da RSE: se o Grupo dava diretrizes, cada local as traduzia em ações de acordo com seu próprio contexto específico. Hoje, a realização de nossos relatórios não financeiros para a DPEF significa que tivemos que estabelecer KPIs claramente definidas para nossos desafios, que são comuns em todos os locais, para formalizar a coleta de dados... Isso nos deu uma visão integrada de nosso desempenho" resume Laurence Lamy, Gerente de Comunicações do Grupo.
UM LONGO DESAFIO DE COLETA DE DADOS, AGORA DANDO FRUTOS
A Mersen é obrigada a apresentar informações extrafinanceiras todos os anos, que são verificadas por um provedor de garantia credenciado (Organização de Terceiros - OTI). Evidências documentais de suporte, como faturas de energia, são usadas para verificar os dados – mas também são feitas verificações de consistência, ou seja: esse consumo de energia é proporcional ao esperado para esse tipo de local? Todos os medidores foram incluídos?
Alguns dados são centralizados e imediatamente acessíveis, como os dados de RH gerenciados em um único sistema de TI de RH: é fácil consolidar os números relativos à força de trabalho, diversidade de gênero, absenteísmo, contratação ou número de horas de treinamento. Outras informações resultam de relatórios realizados pelos locais (consumo de matérias-primas, emissões de gases de efeito estufa, resíduos produzidos, etc.). Os auditores então verificam os dados coletados pelos gerentes de QHSE do local. Após a consolidação das informações, a opinião apresentada pelo provedor de asseguração é incluída no relatório de sustentabilidade publicado e inclui observações sobre as quais Lamy observa: “Para nós, todas essas são áreas de melhoria”.
VERIFICAÇÕES “NO TERRENO”
Quando o DPEF foi criado, a garantia de dados CSR da Mersen foi feita pelos auditores financeiros da empresa. Mas nos últimos 3 anos, a empresa tem chamado o Bureau Veritas. "O primeiro provedor de garantia nos ajudou a estruturar nossa coleta de dados, a construir um repositório... Mas, para nos desafiar ainda mais, chamamos o Bureau Veritas, com sua profunda experiência no setor, para dar uma nova olhada em nossos fatos e números. O avaliador de garantia do Bureau Veritas entra em campo e desafia nossas equipes, em sua própria linguagem técnica, sobre suas operações e equipamentos”, explica Laurence Lamy.
Do lado prático, as visitas de avaliação são organizadas com bastante antecedência: a partir de julho de cada ano, Mersen e Bureau Veritas acordam a amostragem para o trabalho de avaliação, identificando quais locais serão auditados, na França e no exterior. A equipe de asseguração é formada por pessoas geograficamente próximas aos locais e com experiência adequada para corresponder à atividade auditada. As auditorias no local estão previstas para o último trimestre e a garantia dos dados consolidados é realizada em fevereiro.
FAÇA DA GARANTIA UMA OPORTUNIDADE
O fato de o regulamento da DPEF não especificar uma metodologia de relatórios específica exige garantia de terceiros. A equipe de asseguração avalia os dados para certificar que o relatório é:
- Relevante (corresponde às questões materiais de sustentabilidade da Mersen);
- Confiável (baseia-se em padrões aceitos que garantem a qualidade e comparabilidade da informação);
- Integrado (é apresentado combinado com as informações contábeis e financeiras).
“Esta obrigação de verificação permite certificar a conformidade legal e também previne a suspeita de “green washing (lavagem verde)”. O regulamento exige a priorização dos riscos de RSC de acordo com nossos desafios materiais. As auditorias realizadas nas unidades amostradas anualmente permitem destacar boas práticas e envolver as equipes locais”, explica Laurence Lamy. Se a empresa vai além de uma mentalidade de compliance para uma abordagem de melhoria contínua, o regulamento funciona como uma ferramenta de gestão estratégica. “A garantia de dados de sustentabilidade responde às fortes expectativas dos stakeholders e parceiros da empresa, em particular dos seus investidores, mas também ajuda a empresa a desafiar-se e a progredir. Muitas empresas que não são legalmente obrigadas a publicar dados de RSC, solicitam nossos serviços de garantia para melhorar seu desempenho”, diz Bénédicte Pasquette, Gerente de Projetos e Produtos de RSE do Bureau Veritas.
Como empresa de serviços “Business to Business to Society”, o Bureau Veritas está comprometido em atender aos desafios globais prioritários de todos os setores da economia: recursos e produção; consumo & rastreabilidade; edifícios e infraestrutura; nova mobilidade; Social, Ética e Governança. Todos estes são tópicos que os documentos de declaração de desempenho não financeiro devem ajudar a melhorar. Com o Bureau Veritas, as empresas podem demonstrar de forma mensurável o impacto de suas iniciativas de sustentabilidade e ESG, tornando-as rastreáveis, visíveis e confiáveis.
NÃO CONFORMIDADE: QUAL É O RISCO?
As empresas cotadas e aquelas cujo balanço seja superior ou igual a 100 milhões de euros, ou com volume de negócios superior ou igual a 100 milhões de euros, e cujo número de colaboradores efetivos seja superior ou igual a 500, devem publicar um relatório de sustentabilidade.
Não há sanções previstas para as empresas que não publicam seu relatório, mas o risco em termos de imagem da empresa é real: as agências de classificação, organizações dedicadas que examinam os relatórios atribuindo-lhes uma pontuação, estão sendo cada vez mais utilizadas por investidores, potenciais clientes ou parceiros. O relatório de sustentabilidade, portanto, não é apenas uma forma de demonstrar seu compromisso social: é também ser transparente e dar confiança às partes interessadas.
