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A Governança Corporativa e o ESG

A Governança Corporativa e o ESG

11 de Agosto de 2022

A Governança Corporativa pode ser entendida como um meio de gestão, um modo de governar para empresas multinacionais e uma visão para empresas nacionais familiares ou de pequeno porte.

Muitos paradigmas são adotados para definir a Governança Corporativa, bem como novos programas ou termos como o ESG. Logo, pensamos que esses termos são comuns em circunstâncias a vários programas, normas e ferramentas que surgem a cada dia.

Condicionamos os nossos entendimentos a uma simples visão de vários termos novos e, como temos uma leve tendência a não mudar, na maioria das nossas decisões, descartamos o interesse de aprendermos mais sobre as novas formas de governar, gerenciar e decidir.

O conhecimento superficial sobre esses temas mais usados provoca erros de decisões, investimentos desnecessários e, por sua vez, a perda da confiança de que eles podem impactar beneficamente as nossas organizações.

A ausência do conhecimento sobre Governança Corporativa e ESG, bem como de qualquer sistemática aplicada nas nossas organizações, impacta adversamente os relacionamentos das partes interessadas de uma empresa.

Nas décadas anteriores, os sistemas de gerenciamento nas empresas eram focados de forma significativa nos requisitos dos clientes, na satisfação ou superação de suas necessidades e expectativas.

Atualmente, esse conceito se mantém, mas o foco é no atendimento a todas as partes interessadas aplicáveis a uma organização, principalmente na continuidade de suas atividades, na sua prosperidade e na contribuição à sociedade onde ela se encontra ativamente inserida.

Segundo algumas pesquisas realizadas por instituições renomadas em Governança Corporativa, existem necessidades que são aclamadas por empresas familiares, que representam economicamente 90% das empresas no Brasil e empregam 75% dos trabalhadores.

Com isso, os resultados dessas pesquisas demonstram o interesse dos proprietários de nossas empresas brasileiras em prosperá-las. Para isso, buscam as melhores formas de dirigir, governar e otimizar os ganhos reduzindo perdas, além de facilitar o processo sucessório. O interesse também está em gerar maior valor econômico, administrar conflitos familiares, fortalecer o propósito da empresa, facilitar o acesso a recursos financeiros, melhorar a prestação de contas da empresa, facilitar a coesão da família enquanto empresária, adotar práticas de governanças eficazes e estruturar a empresa antes dos falecimentos de seus proprietários, entre outros fatores.

Outros dados relevantes das empresas familiares brasileiras mostram que 71% das empresas passam da primeira para a segunda geração, ou seja, de pai para filho. O efeito negativo para a continuidade da empresa brasileira familiar começa da segunda para a terceira geração, em que se revela uma probabilidade de 28,7% de sucesso. Pior ainda da terceira para a quarta geração, com um valor de 5,7% de sucesso, ou seja, dos filhos herdados para os seus netos e bisnetos.

Com os dados levantados sobre Governança Corporativa para Empresas Brasileiras Familiares, temos que a ausência de conhecimento e a falta de interesse em adotar um moderno meio de Governança pode comprometer o sucesso da empresa em poucas gerações.

Embora esta pesquisa tenha sido aplicada para a realidade de empresas familiares brasileiras, aprendemos que todas as empresas, sejam de qualquer porte ou segmento, precisam definir um meio de governar e manter a empresa competitiva e próspera por gerações.

Aprendemos, então, que as empresas que, em um dado momento de sua história, analisaram e decidiram desenvolver estilos de Governança Corporativa, tiveram mais sucesso progredindo e atendendo às demandas das Partes Interessadas.

Podemos perceber em várias empresas brasileiras e estrangeiras que aquelas que permanecem em crescimento são as que decidiram mudar e governar com técnicas desenvolvidas para reestruturar a organização.

Sem dúvida, a iniciativa deve ser feita pela alta direção. A justificativa para esta iniciativa está nas pesquisas e na realidade de sucesso ou insucesso das organizações nacionais ou internacionais em adotar uma Governança Corporativa conhecida, estruturada e produtiva.

A base para a Governança Corporativa está nos seus princípios, que devem ser reanalisados no mais alto nível hierárquico, que se resumem, mas não se limitam a: Transparência, Igualdade, Equidade, Prestação de Contas e Responsabilidade Corporativa.

  • A Transparência determina uma mudança de ações para demonstrar, de forma fidedigna, os resultados positivos ou adversos sobre o desempenho da organização.
  • A Igualdade propõe o atendimento à legislação aplicável à organização em consonância com suas partes interessadas.
  • A Equidade consiste em admitir que nem todas as pessoas partem do mesmo ponto e, por isso, seria recomendado dar condições para elas atingirem os mesmos objetivos, considerando fatores de inclusão social, diversidade, condições patológicas e físicas.
  • A Prestação de Contas seria a honestidade de apresentar às Partes Interessadas os verdadeiros resultados de modo claro, conciso, compreensível e temporal, assumindo os riscos e oportunidades pelas suas decisões.
  • A Responsabilidade Corporativa traz o conceito de zelar pela continuidade da Organização, protegendo seus ativos, potencializando suas forças financeiras e lidando com as fraquezas e ameaças. Neste conceito, inclui a visão sobre a comunidade, sociedade, trabalhadores, fornecedores e todos que dependem da Organização.

As técnicas de Governança Corporativa deveriam ser implementadas antes de qualquer programa, seja de gestão sustentável, de melhorias da qualidade, de segurança e saúde ocupacional e de outros sistemas. Para o atendimento pleno das Normas de Gestão, de Programas Sociais, Programas Ambientais, Gestão de Riscos e as Partes Interessadas, uma Organização necessita mudar seu sistema de Governança.

E o ESG com isso?

O ESG depende de uma sólida estrutura de Governança Corporativa para ter o sucesso e os resultados esperados pelas Partes Interessadas.

Recomenda-se veementemente que uma organização analise e faça um diagnóstico sobre o seu sistema de Governança, pois sem ele não temos como melhorar o sistema de gestão ambiental, social, de segurança e saúde ocupacional e assistencial às Partes Interessadas.

O engajamento da alta direção pode ser demonstrado pela adoção de práticas modernas de Governança Corporativa, assumindo que empresas de sucesso tomaram estas decisões em sua história.

O ESG depende de uma Governança justa, transparente, igual, equilibrada e ética, afinal, os programas de Compliance ou Programa de Integridade surgem como efeito ou consequência de um bom estilo de Governança Corporativa. Estar em Compliance é se comprometer com a Governança Corporativa, suas regras, seus benefícios e seus resultados.

O mapa do sucesso para uma implementação do ESG está na adoção estruturada e muito bem orientada de um sistema de Governança Corporativa.

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Carolina de CarvalhoBureau Veritas Treinamentos