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Cultura de Segurança de Alimentos

Cultura de Segurança de Alimentos

14 de Abril de 2022

Entenda o que é e qual a importância da Cultura de Segurança de Alimentos

O tema sobre Cultura de Segurança de Alimentos tem sido bastante discutido desde que passou a integrar os requisitos adicionais do Esquema FSSC 22000.

A relação entre a Cultura de Segurança de Alimentos e a Segurança de Alimentos é muito forte, estando ambas intrinsicamente ligadas, não sendo possível existir Segurança dos Alimentos sem a Cultura de segurança de alimentos, e vice-versa.

Segundo o GFSI (Global Food Safety Initiative), Cultura de Segurança de Alimentos apresenta a seguinte definição: “São valores compartilhados, crenças e normas que afetam o pensamento e o comportamento em relação à Segurança de Alimentos em, através, e por toda a organização”.

Os benefícios dela são muito significativos para a organização, assim como para toda cadeia de produção de alimentos, incluindo:

  • Promoção de melhorias nos processos de controle e segurança dos alimentos.
  • Padronização dos processos, procedimentos e produtos - “Identidade da Marca”.
  • Minimização dos riscos de contaminações de alimentos e ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos.
  • Agregar valor para a marca, aumento das vendas devido a confiança dos clientes, lembrando que nossos clientes estão cada vez mais exigentes.
  • Prevenção de penalidades como advertências, multas, interdição parcial e até total do estabelecimento pelos órgãos sanitários e outros.
  • Proteção da marca.

A cultura organizacional é muito importante e deve partir dos níveis estratégicos da organização, como um orientador comportamental, alinhada aos valores e à política da organização, devendo permear todos os níveis hierárquicos, como se fosse o sangue que oxigena os órgãos de um corpo.

Ela envolve toda a rotina de uma empresa, e funciona como diretriz para guiar o comportamento e mentalidade de seus membros, tais como práticas, hábitos, comportamentos, símbolos, valores, princípios, crenças, políticas, sistemas, prioridades, entre outros.

Algumas vezes, certas organizações que já possuem o SGSA podem até achar que não possuem uma cultura de segurança de alimentos, mas todas as organizações possuem uma cultura.

Cultura de SA e a Estratégia

Cultura, independentemente do tipo, não está presente nos indivíduos, mas sim em grupos, o que torna o assunto bastante delicado, pois dependemos da aceitação das pessoas integrantes dos grupos para que uma cultura seja desenvolvida e absorvida pelos seus membros.

Psicologicamente, nossas crenças, pensamentos e comportamentos são impactados por diversos fatores, incluindo nossa cultura regional, nacional, de educação e experiências de vida. Em um ambiente de trabalho, isto não é diferente, e somos afetados diretamente pelo grupo com o qual nos identificamos, normalmente pelas práticas já implantadas nas organizações e pelo exemplo da gestão.

Portanto, pode-se resumir que a cultura é algo intrínseco às pessoas, construída com base na vivência de práticas de um grupo, que podem ou não ser compreendidas, mas que refletem em hábitos e rotinas, algumas vezes até mesmo inconscientes.

O processo de criação de uma cultura de segurança de alimentos deve considerar a integração entre pessoas, organização e requisitos, de forma a se criar uma cultura intrínseca da empresa, em que todos passem a ter uma rotina com o mesmo objetivo, o que é diferente de apenas cumprir regras.

O Guia de Segurança de Alimentos (2020) apresenta questões orientadas a avaliação da cultura de segurança de alimentos, incluindo os seguintes elementos: comunicação, treinamento, feedback dos colaboradores e medição de desempenho em atividades relacionadas à segurança dos alimentos.

Implantando a Cultura de Segurança de Alimentos

Como mencionado anteriormente, a cultura está alinhada às práticas de cada organização, com suas especificidades, portanto, não deve ser construída através de “cópia e cola” entre empresas.

No entanto, existem métodos e práticas que podem ser adaptados para auxiliar no desenvolvimento de uma cultura de SA.

Para uma organização se auto avaliar em relação da cultura de AS ela pode fazer alguns questionamentos do tipo:

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Fluxo 01

Diante das respostas obtidas, práticas poderão ser planejadas e posteriormente implantadas para estarem alinhadas ás dimensões culturais, definidas pelo GFSI (2018), que são:

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Fluxo 02

Cabe a cada organização, olhar para seu contexto, e vislumbrando onde querem chegar, definir as ações.

Neste nosso artigo abordaremos algumas dicas especificamente para as dimensões adaptabilidade e consistência.

Adaptabilidade

Consiste na capacidade que uma empresa tem para se ajustar de acordo com as influências e as condições variáveis, além de reagir dentro do estado atual ou ainda na aceitação de mudanças (capacidade de viração). Portanto, dentro de um programa de cultura de SA, questões devem ser previstas para que as mudanças não afetem a cultura, tais como:

  • Por que a Adaptabilidade é importante?  A capacidade e a velocidade que as pessoas e as organizações têm de se adaptar é um fator importante frente às mudanças. Quanto mais rápido se adaptam, mais rápido saem à frente de concorrentes, muitas vezes evitando cenários emergenciais.
  • Expectativas de Segurança de Alimentos por parte das partes interessadas – As partes interessadas têm necessidades e expectativas em relação à organização. Por exemplo, a expectativa dos acionistas da empresa são os lucros e o posicionamento no mercado, já a expectativa dos organismos fiscalizadores em relação à organização é que ela cumpra com todas as legislações pertinentes ao setor, e assim por diante, e a parte interessada possui pelo menos uma expectativa, podendo elas serem coincidentes ou não entre si.
  • Agilidade – a agilidade é fundamental. Ter agilidade é sair à frente, sempre com planejamento, portanto a organização precisa possuir metodologias ágeis para lidar com as situações de mudança.
  • Mudanças, Gerenciamento de Crises e Solução de Problemas - estar preparado através de procedimentos e da capacitação dos envolvidos para as mais diversas situações, quer sejam elas de mudanças ou até mesmo em situações de crise.
Consistência

Trata-se do alinhamento adequado das prioridades de segurança dos alimentos com as exigências de pessoas, recursos e processos para assegurar a aplicação resistente e eficaz de uma política de segurança que reforce a cultura da empresa.

Para deixar mais claro trazemos o seguinte exemplo:

“Imagine a situação hipotética de uma empresa onde os diretores exigem que a organização tenha segurança de alimentos, provavelmente porque são cobrados por seus clientes, mas na hora de planejar os recursos para as adequações requeridas ao sistema de gestão, não realizam o direcionamento e acabam destinando o recurso para outro investimento, como o aumento de produtividade. Este caso demonstra um desalinhamento total entre as práticas da organização e a de cultura de segurança de alimentos, que deve sempre partir da Alta Direção.”

Para que tenhamos o equilíbrio do alinhamento, sempre devemos considerar, para todas as dimensões:

  • Senso de responsabilidade
  • Medição de desempenho
  • Documentação

A seguir deixamos alguns exemplos práticos sobre como materializar as 5 dimensões da cultura de segurança dos alimentos nas organizações:

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Fluxo 03

Por fim, reforçamos que a perpetuação da Cultura de Segurança de Alimentos é responsabilidade da liderança, que constantemente deve se fazer presente junto às equipes, avaliando as necessidades de recursos, apoiando, ensinando, e acima de tudo, ouvindo, para possibilitar a retroalimentação das práticas com o objetivo da melhoria contínua dos processos.

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Bureau Veritas

Carolina de CarvalhoBureau Veritas Treinamentos