News

Bureau Veritas negocia mais aquisições

2 de Março de 2018

Certificadora francesa Bureau Veritas negocia mais aquisições no Brasil e nos Estados Unidos para a acelerar o crescimento da companhia para uma taxa anual de 15%. Essa taxa é cinco vezes maior que os 3% de expansão registrados no faturamento do grupo em 2017 - a receita atingiu € 4,7 bilhões e o lucro, € 308 milhões.

Desde 2015, a empresa que é líder mundial em serviços de teste, inspeção e certificação (TIC) concluiu 23 aquisições, assumindo o controle de empresas que representaram um acréscimo ao faturamento de € 350 milhões. A meta da Bureau Veritas é elevar a receita em € 750 milhões com aquisições até 2020. A companhia está presente em 140 países e tem carteira de 400 mil clientes divididos em seis divisões de negócios - Marítimo & Offshore, Agronegócio & Commodities, Indústria, Construção & Infraestrutura, Certificação e Varejo.

Dessas 23 compras, seis tiveram reflexos no Brasil - ou porque eram companhias brasileiras ou porque eram empresas estrangeiras com presença no mercado brasileiro.
Segundo o executivo, ao menos dois negócios devem ser fechados ainda este ano no Brasil. "Temos dois motores de crescimento. O orgânico [operacional] e o de aquisições, que continua sendo fundamental em nossa expansão", disse ao Valor o presidente mundial da Bureau Veritas, Didier Michaud-Daniel, que esteve em São Paulo na semana passada. "O Brasil voltou a crescer. A economia melhorou e estamos otimistas com o cenário", disse Michaud-Daniel. Segundo o executivo, o mercado brasileiro responde por 40% dos negócios da companhia na América Latina. A região tem participação de 10% no faturamento global da companhia. "O Brasil é nosso quinto maior mercado no mundo, depois da China, França, Estados Unidos e Austrália", disse.

A Bureau Veritas pretende manter o plano de diversificar negócios no Brasil e no mundo, para reduzir a dependência do setor de petróleo e gás. "Quando tomamos essa decisão em 2012, o Brasil ainda não estava enfrentando a crise que atingiu mais o setor de óleo e gás. Mas não fomos visionários. Apenas vimos que era mais promissor não depender muito de um setor", afirmou.

Os últimos negócios no Brasil feitos pela Bureau Veritas refletem essa política de diversificação. No ano passado, concluiu a integração da empresa de engenharia consultiva Sistema PRI, comprada em 2014, marcando a entrada na área de construção e infraestrutura no Brasil. Antes, a Bureau Veritas havia comprado a brasileira Kuhlmann Monitoramento Agrícola, especializada em serviços de monitoramento e auditoria agrícola, e a Schutter, companhia holandesa de serviços para o comércio de commodities com
presença no Brasil e em mais de dez países na Europa, América do Sul e Ásia. "Em três anos, a participação do setor do agronegócio no Brasil saiu de zero para 25% de nossa receita no país. O setor de
infraestrutura, que também era zero, hoje já representa 15% de nossos negócios no país. Isso mostra que a opção pela diversificação está certa", disse o presidente mundial da Bureau Veritas.

O executivo disse que outros 15% são gerados por serviços chamados de 'Opex', aqueles prestados ao longo de todo o ciclo de vida do ativo, e não somente na fase de investimentos em expansão. "Estamos vendo o desenvolvimento de projetos de energia, em especial eólica, que está crescendo", afirmou o presidente da Bureau Veritas. No plano do Bureau Veritas para o Brasil também estão os projetos de concessões e de Parcerias Público-Privadas (PPPs) federais e estaduais, um segmento que deve ganhar demanda, diz acreditar Michaud-Daniel, se houver um marco regulatório para certificação e acompanhamento independente de obras públicas. Serviços na cadeia de fornecedores em indústria, como a automobilística, também estão no radar da empresa francesa.

Além do Brasil, a Bureau Veritas planeja acelerar a expansão nos Estados Unidos, também por meio de aquisições. Ontem, a companhia anunciou a conclusão da compra da americana EMG, especializada em serviços de construção e infraestrutura, que fatura US$ 700 milhões por ano e emprega 550 funcionários. "A regulação nos Estados Unidos é estadual. Então, o mercado de certificação lá é bastante regionalizado, pulverizado. Mas acreditamos que podemos melhorar nossa participação lá", disse Michaud-Daniel.